A terapia com o uso dos cavalos tem um importantíssimo papel no processo de reabilitação de pessoas com algum tipo de deficiência. Conheça os benefícios do tratamento de males no sistema respiratório.
Do latim Eqqus, eqquo (equino) e do grego terapéia (terapia), a Equoterapia é um método conhecido pela integração homem-cavalo que utiliza, sob supervisão médica, o animal como “instrumento terapêutico”, envolvendo uma abordagem multiprofissional e interdisciplinar nas áreas da Saúde e da Educação.
Tendo minimizadas suas deficiências e estimuladas suas habilidades, a equoterapia estimula a consciência corporal, o tônus muscular, o relaxamento, o equilíbrio e a coordenação motora, além do aprimoramento de habilidades e a oferta de mais qualidade de vida, integração social na escola, na família e até no trabalho. Entre os principais benefícios da prática estão o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes, já que exige e facilita a participação integral dos pacientes durante os exercícios.
Seja como alternativa para desenvolver aspectos biológicos e psicológicos ou mesmo sociais e educacionais de adultos e crianças, a Equoterapia é o que nos permite compreender porque os humanos buscam cada vez mais estreitar laços e desenvolver seu bem estar físico e emocional através da interação sensitiva e amorosa com os cavalos.
Continue com a gente para aprender mais sobre o surgimento dessa relação benéfica entre homens e equinos ao longo da história da humanidade. Boa leitura!
A história da relação homem x cavalo
Não se sabe ao certo porquê, como e quando o cavalo foi domesticado pelo homem, ou melhor dizendo, quando surgiu a relação de benefícios mútuos entre eles ao longo da história.
É certo que algumas pinturas rupestres na França, que datam de 15.000 anos, já davam indícios da relação homem x cavalo.
Entretanto, foi a partir do século XV que as Escolas de Equitação começaram a surgir na Itália, onde o escudeiro de Luiz XIV (o famoso “Rei-Sol”), Pluvinel, se especializou como um dos mestres da arte de montar cavalos usando uma sela, estribos e rédeas.
São dos princípios e objetivos fundamentais da Equitação Básica que os cavaleiros e amazonas extraem e desenvolvem outras qualidades e valores ligados também à área educacional:
- Aquisição de conhecimentos (o saber);
- Aprimoramento da psicomotricidade (o saber fazer);
- Valorização do afeto (o saber ser).
Através da interação do praticante com o animal — desde os primeiros contatos de aproximação, os cuidados preliminares até o manuseio final —, novas formas de socialização, autoconfiança, autonomia e melhora da auto-imagem podem ser promovidas para o bem-estar humano.
Atividades equestres como terapia
A Equoterapia é semelhante às demais atividades físicas de baixo impacto que conhecemos: caminhar, correr, praticar hidroginástica, pedalar, entre outras.
Os exercícios com cavalos estimulam, ao mesmo tempo, os sistemas neuromotor, sensorial, músculo-esquelético, cardiorrespiratório, digestivo e psicoemocional. E por essa razão, têm papel significativo no processo de reabilitação de diversas doenças, complicações e deficiências, sendo indicada em casos de:
- Síndrome de Down
- Paralisia Cerebral
- Esclerose Múltipla
- Autismo
- Acidente vascular cerebral (AVC)
- Trauma crânio-encefálico
- Atraso maturativo
- Falta de coordenação motora
- Deficiência visual e auditiva
Graças à intervenção terapêutica conjunta de pedagogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos e profissionais de equitação, tais técnicas podem ser melhor empregadas para potencializar os inúmeros benefícios de acordo com as necessidades e objetivos específicos de cada paciente.
Apesar de decorridos muitos anos até que a Equoterapia fosse aplicada pela primeira vez em contexto hospitalar, em 1901, na Inglaterra, há indícios que revelam que as atividades equestres eram usadas na Grécia Antiga, já por volta de 458-377 anos a.C.
Hipócrates — considerado o pai da medicina — refere-se à prática em seu livro “Das Dietas” como um fator regenerador da saúde do homem.
Já Jeronimus Merkurialis, humanista do séc. XVI e autor de “Da Arte da Gymnastica“, de 1569, descreve a equitação como um exercício não só para o corpo, mas também para os sentidos.
No Brasil, o método trazido pela Dra. Gabriele Brigitte Walter, foi responsável por impulsionar a criação da ANDE-BRASIL (Associação Nacional de Equoterapia), em 1989, que conta hoje com mais de trezentos e vinte Centros de Equoterapia pelo país. Contudo, o Conselho Federal de Medicina só passa a reconhecer a Equoterapia como técnica terapêutica de reabilitação no Brasil, em 1996.
De lá pra cá, a terapia com cavalos tem favorecido cada vez mais a reintegração social de crianças, jovens, adultos e idosos por meio do contato com outros pacientes, com a equipe e o animal, aproximando-os, cada vez mais, da sociedade na qual estão inseridos.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre a evolução da terapia equestre ao longo da história, que tal conhecer outros benefícios que a prática envolvendo cavalos pode trazer especialmente para o sistema neuromotor e cardiorrespiratório?
Benefícios da Equoterapia para a força muscular respiratória
Foi o médico alemão Samuel T. Quelmalz (1747) quem descreveu e fez, pela primeira vez, referência histórica ao importante movimento tridimensional e multidirecional do cavalo ao andar ao passo. Isso porque o cavalo tem diferentes tipos de “andares naturais”: “passo”, trote, meio galope e galope pleno.
Quando o cavalo se desloca ao passo, um andamento natural de baixa velocidade em que o cavalo nunca perde o contato com o solo, há um movimento tridimensional do seu dorso que provoca deslocamentos em três eixos – para cima e para baixo, para frente e para trás, para um lado e para outro.
Curiosamente, esse andar tridimensional corresponde ao andar humano, com menos 5% de diferença. É como se o animal emprestasse suas pernas ao paciente, sendo capaz de ensiná-lo a reorganizar seus impulsos.
Assim, quando o movimento é transmitido ao praticante pelo contato de seu corpo com o do animal, são provocadas múltiplas reações reflexas de endireitamento e modificações tônicas, que ativam ou inibem tensões, favorecendo os mais diferentes tipos de reabilitação.
Ao ser estimulado, o metabolismo também melhora o funcionamento do sistema cardiovascular e respiratório, impactando a evolução da fala e a pronúncia das palavras.
Os músculos respiratórios são ainda importantíssimos, pois dão sustentação e equilíbrio ao tronco, que funciona como o centro de controle dos membros, já que tem participação direta nas atividades voluntárias e reações de integração neurológica.
Por ter que adaptar seu equilíbrio quando montado sobre o cavalo, o paciente acaba fortalecendo a musculatura e a coordenação, o que ajuda a manter a postura e os movimentos. Sem isso, a harmonia mecânica da expiração seria alterada, podendo causar distúrbios ventilatórios e afecções pulmonares.
Conheça algumas das Técnicas terapêuticas para desobstrução brônquica na Equoterapia, desenvolvida pela fisioterapeuta Dra. Mylena Medeiros:
Posicionamento Biomecânico: Facilita uma melhor incursão respiratória e favorece a ventilação pulmonar.
Alongamentos Passivos: Promovem maior simetria torácica e sinergismo torácico-abdominal.
Apoios: Estimula e fortalece o músculo diafragma, aumentando o tônus e força dos músculos abdominais para que desempenhem suas funções inspiratórias e expiratórias corretamente.
Ginga Torácica: Promove a mobilização de secreções broncopulmonares através da movimentação seletiva das costelas e da geração de melhor fluxo expiratório.
CONCLUSÃO
Como é possível perceber, a prática da Equoterapia está entre muitas outras práticas naturais capazes de estimular o bem estar físico e psicossocial por meio da relação entre os humanos e a natureza. Conhecer mais sobre essa prática que une exercícios físicos e técnicas terapêuticas recomendadas desde à Grécia Antiga, certamente nos mostra que atividades equestres vão além de simplesmente montar sobre o cavalo. Ela desfruta o melhor que a conexão com os animais pode proporcionar: a cura pelo carinho mútuo.
Até a próxima leitura!
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