Estudos apontam que crianças que brincam em contato com a natureza ou em espaços abertos com verde são mais saudáveis, responsáveis, livres, desenvolvidas e felizes
Eles são filhos da geração alfa, a primeira a ser totalmente digital. Crianças nascidas depois de 2010 estão sendo incondicionalmente educadas por pais, avós, professores, tios e toda uma rede de influencers para pensar a tecnologia como única saída para olhar e descobrir o mundo – através de uma tela -, silenciar uma birra (leia-se falta de atenção), como moeda de troca para terminar a comida que está no prato ou para deixar os adultos conversarem à mesa do restaurante.
O resultado disso? Crianças que perderam a capacidade de encontrar prazer em correr e brincar com liberdade ao ar livre, e adolescentes que passaram a limitar suas opções de convívio social a ambientes isolados, artificiais e online.
Além disso, também está maior o distanciamento da natureza e entre pais e filhos, a intoxicação visual e sonora, poluição do meio ambiente, redução das áreas naturais no bairro, falta de segurança e qualidade dos espaços públicos…
Portanto, não podemos deixar de pensar nos efeitos tecnológicos e da urbanização como algo prejudicial ao desenvolvimento pleno e saudável de nossas crianças e jovens no hoje, e, também, para o planeta, já que o bem estar infanto-juvenil e a saúde da Terra são interdependentes.
O artigo de hoje é um convite à reflexão: Pais, será que não é hora de repensar a rotina, o convívio familiar e o tempo escolar reconhecendo o brincar e o aprendizado lúdico em contato com a natureza como um dos elementos centrais do desenvolvimento dos nossos pequenos?
Lembre da sua infância, onde brincar na areia, subir em árvores, pegar bicho de pé, construir cabanas, nadar em rios, roubar frutas direto do pé, encontrar os amigos para jogar bets ao ar livre eram – e continuam sendo – experiências importantes que possibilitaram criar conexões mais profundas e positivas com a natureza e com o outro.
Não era gostoso demais? Então por que seus filhos não merecem vivenciar tudo isso também?
Mas como meu filho pode brincar ao ar livre em uma cidade grande?
Tenha em mente que a família não precisa sair da cidade para que as crianças possam interagir com o meio ambiente. Aproveite o final de semana para propor passeios nos parques ecológicos e áreas verdes da sua cidade ou região – muitos têm, inclusive, centros de preservação da fauna e flora abertos à visitação. Vocês também podem preparar um belo e delicioso piquenique, com sucos e lanchinhos naturais, chá gelado e frutas de sobremesa.
Outra ideia é brincar no próprio quintal de casa ou de algum coleguinha ou parente, em áreas comuns do prédio ou na rua do condomínio fechado (claro, sempre com a supervisão de um adulto).
Incentive as crianças a experimentarem a sensação de pisar na grama, na terra ou areia. É normal que alguns pequenos achem estranha a sensação no primeiro contato, mas é importante que eles percebam a diferença das superfícies e texturas do chão, das folhas de uma planta, dos troncos das árvores …
Lembre-se de que esse contato com a natureza não é apenas um simples momento de diversão ou forma de lazer. É, além de tudo, a prática essencial para o desenvolvimento infantil e, inclusive, para o relacionamento familiar e para a educação ambiental.
Uma vida construída do lado de fora
Quando decidimos incluir o contato com o verde na rotina dos nossos filhos, estamos proporcionando a eles uma maior e mais profunda interação com diferentes cores e texturas, com os pequenos bichinhos que passeiam pelo jardim, com as mudanças de temperatura e estação, desenvolvem uma compreensão muito mais clara sobre os ciclos naturais da vida, adquirem mais anticorpos para a saúde, aprendem a cultivar a paciência e o cuidado, e também o profundo respeito pelo meio ambiente, preservando-o para um futuro possível e cheio de vida.
Além do mais, brincadeiras, em geral, são parte importante para o desenvolvimento e amadurecimento das crianças, pois estimulam os cinco sentidos, o reflexo, a criatividade, o raciocínio, a responsabilidade, a autonomia, a socialização e muitos outros aspectos e valores.
“Crianças e adolescentes devem ter acesso diário, no mínimo por uma hora, a oportunidades de brincar, aprender e conviver com a – e na – natureza para que possam se desenvolver com plena saúde física, mental, emocional e social”.
Um estudo da Universidade Regina, no Canadá, apontou que brincar ao ar livre pode incentivar jovens a serem mais ativos e saudáveis. Os estudiosos analisaram mais de 300 jovens, entre 9 e 17 anos, registrando quanto tempo eles passavam ao ar livre depois da escola.
Resultado: as crianças que ficavam mais tempo fora de casa, eram três vezes mais suscetíveis a praticar atividades físicas e permanecer em boa forma do que as que passavam mais tempo ociosas dentro de casa. “Se conseguirmos deixar os estudantes por mais tempo fora de casa, eles serão mais ativos, portanto, terão benefícios a longo prazo”, observa a Dra. Lee Schaefer, uma das autoras do estudo.
O Projeto Criança e Natureza, do Instituto Alana, acredita que o contato com a natureza é um direito de toda criança, previsto, inclusive, na própria Constituição brasileira. Isso porque o contato com o ar livre potencializa o aprendizado e o desenvolvimento dos eixos físico, intelectual e emocional.
Uma pesquisa feita pela organização, revelou que 40% das crianças nas cidades brasileiras passam apenas uma hora ou menos brincando ao ar livre. E o que é ainda mais triste, a maior parte dessas crianças gasta 90% do tempo em ambientes fechados.
Ou seja…
Muitas vezes, falamos sobre a natureza como algo longe de nós e da nossa família, fora de casa ou impossível de ser vivenciada por ser o paradoxo das cidades cinzas.
Mas quando mudamos a chavinha do pensamento e damas a uma criança a oportunidade de aprender, logo cedo, que ela é parte da natureza e não sua proprietária e que, na verdade, a natureza está em tudo, inclusive, bem pertinho de nós, tornamos essa relação com o meio ambiente muito mais forte, natural, prazerosa e cheia de aprendizados e benefícios.
É no brincar lúdico ao ar livre, com as mãozinhas cheias de terra, com a esperança feliz de respirar a vida lá fora, que conseguimos proporcionar o desenvolvimento integral de nossas crianças e o nosso próprio. Plantar essa sementinha é, sem dúvidas, colher um futuro melhor.
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