fbpx

Regular as temperaturas dos ambientes internos e manter os cuidados devidos com a saúde e higiene ajudam a evitar doenças respiratórias também na época mais quente do ano, quando o uso do aparelho de ar-condicionado está em alta

Basta um dia quente para começar a disputa acirrada em família pela posse do controle do ar-condicionado. Quem leva a melhor, ganha uma passagem só de ida para o reino congelante de Frozen. E quando digo só de ida, não é exagero. Passe a noite toda com a temperatura do quarto a 18°C e o seu nariz estará completamente “entubido” ao acordar pela manhã. É impressionante, nunca falha. 

Aí é só ladeira abaixo, né? Garganta seca, tosse, sequências de espirros, dor de cabeça, corpo pesado… 

Brincadeiras à parte, é preciso lembrar que nem só de frio vivem as doenças respiratórias. Junte o tempo seco com o uso constante do ar condicionado em baixas temperaturas para amenizar o calor e o estrago está feito, também, no verão. 

Apesar da curta sensação de refrescância e, em muitas circunstâncias, de alívio, proporcionada pelos aparelhos de ar, os prejuízos à saúde podem ser ainda maiores no final das contas.

Por que os aparelhos de ar-condicionado contribuem para a piora das doenças respiratórias?

Durante o processo de resfriamento do ambiente, os aparelhos eletrônicos de ar provocam variações bruscas e choques de temperatura no organismo, diminuindo a umidade do ar, ocasionando uma significativa piora nos quadros de rinite alérgica, gripe, resfriado, amigdalite, sinusite, pneumonia e doenças pulmonares que aparentemente seriam comuns ao inverno. 

Esse ressecamento do ar acaba sendo prejudicial às mucosas do nariz e da boca, pois, ao secarem, acabam perdendo a capacidade de filtrar os vírus e bactérias, que vão direto para o pulmão. 

Se somarmos isso ao tabagismo, que atinge parte da população, e ao ar poluído das grandes cidades, o risco de de desenvolver doenças respiratórias crônicas como bronquite e enfisema pulmonar, com sintomas respiratórios persistentes e limitação do fluxo de ar nos pulmões, será maior. 

Estudos da Universidade de São Paulo, envolvendo mais de 1.500 pessoas de quatro prédios comerciais no centro de São Paulo, indicaram que um terço dos participantes expostos diariamente ao ambiente com  ar-condicionado sofria constantemente com incômodos como secura na garganta, coceira no nariz, irritação nos olhos e desconforto geral.

A mesma pesquisa mostrou, ainda, que devido à falta de limpeza periódica dos aparelhos e dutos de ar condicionado, o ar circulante de dentro dos edifícios continha mais fungos e ácaros que o ar externo da rua, indicando um risco até dez vezes maior de provocar doenças respiratórias.

Ah, é só uma “gripezinha”!

Não, não é só uma “gripezinha”. Para aqueles que acham um certo exagero e que uma noite de ar-condicionado com temperaturas entre 16°C e 18ºC rende, no máximo, alguns dias de resfriado, o recado está dado: a gripe é a principal porta de entrada para que uma pessoa desenvolva pneumonia. Por isso, qualquer gripe deve ser sempre tratada com seriedade, mesmo quando há sintomas mais brandos. 

Ou seja, a melhor maneira de combater a pneumonia no verão, é evitar abusos que podem desencadear gripes e resfriados como o consumo exagerado de bebidas muito geladas, choques térmicos de temperatura, permanecer longos períodos com a roupa de banho molhada ao corpo, direcionar o ventilador diretamente sobre o rosto, manter o ar-condicionado com baixas temperaturas durante a noite toda, etc. 

Para quem não sabe, a principal diferença entre a gripe e o resfriado são os sintomas. Quando a pessoa gripa, ela apresenta sintomas mais intensos e com maior duração, que podem, inclusive, vir acompanhados de febre. Já o resfriado tem manifestações mais leves e de curta duração.

Mas o calor tá de matar! Nunca mais vou poder ligar meu ar-condicionado?

“Nunca mais” é uma sentença um tanto quanto exagerada, não é mesmo? Como tudo na vida, precisamos manter o cuidado e o equilíbrio. 

Se o calor está de matar, o rendimento no trabalho está baixo, a pressão arterial até caiu e você possui condições financeiras que permitem o uso de aparelhos eletrônicos de ar como ares-condicionado, climatizadores e ventiladores em casa ou no trabalho, está tudo bem em ligá-los por um período do dia ou da noite. 

Afinal, ninguém aqui quer ver você sofrendo com o calorão. Foi justamente pensando no seu inteiro bem estar, assim como o de sua família e colegas de trabalho, que  preparamos esse conteúdo para mostrar como alguns cuidados básicos podem ajudar a manter a saúde do aparelho respiratório no verão. 

Confira abaixo algumas dicas dadas pelos médicos Dr. Daniel Deheinzelin, pneumologista, membro do Núcleo de Doenças Pulmonares e Torácicas e presidente da Comissão Médica do Hospital Sírio-Libanês e Dr. Elie Fiss, pneumologista, pesquisador sênior do Hospital Alemão Oswaldo Cruz:

1- Regule o ar-condicionado com o ambiente. Nos dias muito quentes, costumamos utilizá-lo na potência máxima. O ideal seria programar o ar-condicionado para temperaturas apenas um pouco mais baixas do que a temperatura externa. “Se lá fora está 35 graus, não precisamos deixar a 18 graus. Por volta de 24 graus já é o suficiente”.

2- Evite o choque térmico ao entrar e sair de ambientes climatizados, e a respiração pela boca na hora de troca de ambientes (ar frio para ar quente). Se a temperatura estiver muito baixa, proteja o peito e o pescoço com casacos leves. 

3- Evite uso de tapetes, carpetes e cortinas: Estes objetos acumulam poeira, sujeiras e ácaros – gatilhos que desencadeiam crises de doenças respiratórias

4-Lave o nariz com solução fisiológica várias vezes ao longo do dia.

5- Beba muita água, mesmo que não tenha sede. Não fume e pratique regularmente exercícios físicos.

6- Mantenha sempre a higienização das mãos, evite ambientes fechados e com muitas pessoas, vacine-se contra a gripe anualmente.

Atenção também com ventiladores e umidificadores: 

  • A corrente de ar provocada pelo ventilador pode espalhar poluentes;
  • Mantenha o aparelho e o ambiente sempre limpos;
  • Não direcione o ventilador para o rosto. Isso ajuda a evitar o ressecamento das mucosas e o fluxo direto de sujeiras para a boca e o nariz;
  • Priorize o uso de umidificador quando a umidade relativa do ar estiver abaixo de 30%;
  • Evite colocar o umidificador em locais que possam reter a umidade, como livros e cortinas;
  • O umidificador não tem efeito quando usado junto com o ar condicionado, pois para resfriar o ambiente, o ar condicionado reduz a umidade do ar.

    Fonte: Dr. Daniel Deheinzelin, pneumologista, membro do Núcleo de Doenças Pulmonares e Torácicas e presidente da Comissão Médica do Hospital Sírio-Libanês.

CONCLUINDO

Se o ar-condicionado remete à sensação de alívio e plenitude de um oásis no meio deserto, o mesmo não podemos dizer sobre as consequências negativas que o aparelho costuma provocar nas vias respiratórias durante os meses de verão. Mas como tudo nessa vida é uma questão de saber encontrar o ponto de equilíbrio, o cuidado com a saúde e o uso moderado são a chave do segredo para aproveitar o melhor que as inventividades tecnológicas têm a nos proporcionar.

Esse artigo foi útil? Continue acompanhando nossa página para conferir outros conteúdos.

Baixe agora O Guia Completo da Fitoterapia – Sua história, aplicação e curiosidades

Você também pode gostar de:
Desvendando a fitoterapia: Aplicação e curiosidades do uso medicinal das plantas

Saiba quais são as plantas medicinais e os fitoterápicos oferecidos de graça pelo SUS

WordPress Image Lightbox Plugin